UM POUCO DA HISTÓRIA DO ASILO DE CARIDADE “SANTA CASA” DE BOM SUCESSO
Resultado do ideal de um grupo de cidadãos amantes desta terra que tinham um sonho: Construir um hospital. Com o objetivo da caridade, a instituição é resultado de uma luta árdua, que desde o seu início teve a participação da Igreja, da comunidade e de benfeitores, cujas madrugadas, domingos, feriados e até a distância, não foram motivos para desviar o principal objetivo desta missão, que seria atenuar as dores e salvar vidas. A falta de recursos e condições, dominada pela maioria da população, despertou nos idealistas a necessidade de se criar uma casa de caridade, para abrigar aqueles que sofriam no leito ou ao relento. Passaram então do sonho à ação, realizando o que muitos acreditavam não passar de uma aventura. No dia 28 de abril de 1907 na residência do Capitão Antônio Martins Soares, este grupo se reuniu, para dar os primeiros passos para fundar a instituição, oportunidade em que foi lavrada a primeira ata de fundação da Associação Asilo de Caridade de Bom Sucesso, que seria mantida por sócios. A primeira diretoria foi constituída pelos senhores: Dr. João Benevides de Azevedo, Joaquim Gonçalves dos Santos, Pedro Ivo Morato e José Carlos de Souza (Zequinha). Em 31 de março de 1908, na segunda reunião da diretoria a missão tomava um caminho mais concreto e realista e a responsabilidade se tornava mais séria. Com a presença de autoridades e pessoas da comunidade, o Reverendíssimo Padre Laponese Silvino pedia as bênçãos do senhor, para iluminar a sabedoria da comissão que seria responsável pela escolha e localização do terreno onde deveria ser construído o prédio. Em 07 de abril do ano seguinte novamente a grupo se reunia para decidir sobre a escolha da área, apresentada pela comissão que era constituída pelo Dr. Zoroastro Alvarenga, Major Francisco Ferreira Rodrigues Júnior e Capitão João Machado da Silva Neto. Depois de adquirir uma propriedade na Rua do Rosário, em frente o prédio da Câmara Municipal, pensou-se em adquirir uma casa próxima, para ampliar assim a área e construir a sede definitiva. Contudo o passar dos anos não deixou a idéia dispersar, pelo contrário, novas forças iam surgindo. Numa tarde do ano de 1910, realizava-se uma Assembléia Geral, no consistório da Igreja do Rosário, onde foi criada a “União dos Operários”, que veio reforçar, ainda mais, o ideal de se ter uma Casa de Caridade, à altura das necessidades da região, que compreendia-se em Bom Sucesso, Santo Antônio do Amparo e São João Batista. Em janeiro de 1911, a diretoria anuncia que adquirira um terreno (Pasto do Protásio) para construção do prédio e sede definitiva. Também conclamava a todos para participarem deste desafio, que era a construção do primeiro Hospital Regional A participação de todos foi calorosa e unânime. Toda a comunidade depositava fé e acreditava na necessidade de apoiar as coisas da nossa terra. Sendo assim a “União Operária” decidiu, em assembléia, que cada operário daria um dia de serviço, semanal, para ajudar na construção e manutenção do prédio. O rateio das despesas foi feito entre todos os distritos e em cada localidade a arrecadação ficou à cargo de um procurador, sendo: Ananias Teixeira de Avelar – Santo Antônio do Amparo, Venâncio Castanheira Filho – Macaia, João Neri de Abreu – São João Batista, João Teixeira da Silva – São Tiago. Após muitos esforços com a participação de toda comunidade que depositava fé e acreditava na necessidade de apoiar as coisas da nossa terra que em junho de 1911 realizava-se o assentamento da pedra fundamental, com a presença dos membros da “União Operária” e de grande parte da população. O dinâmico presidente Pedro Ivo Morato, consciente da realização urgente daquele sonho, cujo ideal se alastrou por todos os cantos, enfatizava o prosseguimento das obras. Contratou os serviços do Capitão Antero Rodrigues, que era competente na administração de obras. A planta do edifício lhe foi confiada e entregue. Desde os alicerces ao telhado e do acabamento até a última pinça que entrou na sala de cirurgia, tudo foi feito com apoio maciço do povo. Eram diversas viagens de carros de boi transportando pedras, areia, peças enormes de madeira. Foi muita movimentação espontânea do povo, para obter para si e para os outros, um recurso na hora de dor e sofrimento, até mesmo para salvar-lhes da morte, através das epidemias. Para conclusão das obras faltavam verbas apesar do empenho de todos e dos recursos arrecadados, mesmo com tanta boa vontade, ainda não eram suficientes. Portanto ficariam inviabilizadas de finalizar se não fosse as três doações que receberam e que foram de grande importância para finalização das obras: Hum conto de réis do Dr. Marcilio Mourão, quinhentos mil réis do Cel. Francisco de Paula Rocha e dois contos de réis do Deputado Distrital Cel. José Ferreira de Carvalho.
Com a morte do principal articulador, o presidente Pedro Ivo Morato, que partiu em dezembro de 1913, o Sr. Políbio de Freitas Mourão assume a presidência e o desafio, juntamente com os companheiros: Antônio Carlos Yankous, Antônio Pinto Maromba e Joaquim Gonçalves dos Santos. Os médicos Dr. Antônio Mourão Guimarães e Dr. Alexandrino Chagas sugeriram a construção de uma sala de operações que julgavam indispensável, ficou então deliberado pela diretoria que se efetuaria esta obra. A sala de cirurgia ficaria à ala esquerda e à direita uma enfermaria para mulheres. Os recursos para esta parte foram arrecadados na comunidade. Em dezembro de 1916, o então presidente Capitão Maromba, anunciava à população que as obras estavam no final.
Em 08 de abril de 1917 foi armado um elegante altar, no qual o Padre José Alves celebrou a Santa Missa. Após este ato, o Revmo. Vigário Monsenhor Phierre de Albuquerque (que na época era Presidente do Asilo) proferiu uma tocante alocução, referente ao ato, mostrando as vantagens e os benefícios da caridade.Terminou, concitando ao povo a “não esmorecer na senda que ia trilhando, continuando a coadjuvar no custeio do Asilo, sendo em dinheiro, pelos mais favorecidos, seja em gêneros alimentícios pelos menos privilegiados”, esperando que seu justo pedido haveria de ser atendido por todos. Anos mais tarde, também com apoio da comunidade, à instituição adquiriu a farmácia de propriedade do Sr. José Alves de Andrade, que passou a ser conhecida como “Farmácia da Santa Casa”. Foi um grande progresso porque tinha mais este serviço a oferecer. Em abril de 1939, sob as bênçãos do Padre Luciano Tobar, foram inauguradas as novas salas de operações, esterilização e outras dependências, que se modernizavam, 20 anos depois de sua inauguração. Esta grande reforma foi feita, graças ao esforço do provedor Aristides de Paula Resende. De lá para cá o Asilo “Santa Casa” de Bom Sucesso não parou de progredir, o que começa sob as bênçãos do Senhor, sempre terá força, para todo o sempre. Foi também 27 anos depois de sua inauguração que pelas portas da Santa Casa entrava o jovem médico Dr. Ary Alves de Carvalho, que aqui chegou, trazendo em sua bagagem: um microscópio e o material mínimo necessário para exames complementares, aprendidos com o Professor Baeta Viana e a habilidade cirúrgica aprendida com o Mestre Borges da Costa. Durante todos esses anos venceu muitos obstáculos, passou por problemas financeiros e dificuldades administrativas, mas venceu todos eles e prestou a Bom Sucesso e cidades vizinhas os melhores serviços que se pode esperar de um hospital interiorano. Agora sob nova administração, conclama a comunidade para se unir a ele, num esforço conjunto para torná-lo ainda maior e mais bem equipado. É um patrimônio de Bom Sucesso e cabe a seu povo conservá-lo da melhor maneira possível. Pretendemos continuar a luta destes cidadãos de garra que tiveram a ousadia de sonhar com um hospital e concretizá-lo. Estamos procurando manter as portas abertas com um árduo trabalho dos diretores, da administração e dos profissionais que aqui atuam. Uma história de idealismo e determinação que comprova a força transformadora da vontade coletiva.